Crítica do espetáculo ''Estórias Brincantes de Muitas Mainhas'', da Cia. do Abração

Confira a crítica do espetáculo Estórias Brincantes de Muitas Mainhas, da Cia. do Abração, realizado no 8º Pequeno Grande Encontro de Teatro, pelo crítico Ricardo Schopke, no Almanaque Virtual!




''O espetáculo foi um dos maiores acertos do PGE, em todos os seus anos de abertura, neste formato no Guairinha. Onde a encenação transcorreu com bastante harmonia, entre todos os elementos técnicos e artísticos do espetáculo, principalmente quando falamos de uma noite de festa, onde muitas coisas acontecem. Partido de uma sensível história de três divertidos e ingênuos velhinhos ucranianos, que são os contadores dessa “estória” e se confundem, brincam e se emocionam com a pureza própria de uma criança. Movidos pelos sentimentos de saudades e lembranças, começam a falar sobre suas próprias mães e sobre as diferentes mães que conhecem. Neste clima de brincadeira e faz-de-conta, fazem abstrações, imaginando que todas as coisas, objetos do cotidiano e elementos da natureza, também têm mães. Toda a pesquisa estética do espetáculo possui inspiração na cultura do Leste Europeu, ressaltando a polonesa e a ucraniana, que influenciam fortemente a formação cultural do sulista, devido ao processo de colonização européia na região paranaense.

O grande mérito da direção de Letícia Guimarães, no espetáculo, foi o de conseguir extrair um dos melhores desempenhos conjuntos de todas as suas obras, na atualidade. A composição formada por Edgard Assumpção, Blas Torres e Ana Sercunvius, é uma das mais completas, fluidas e que se encaixou muito bem dentro da proposta colaborativa da Cia. Eles conseguiram traduzir muito bem toda a filosofia de trabalho desenvolvido para o espetáculo, em seu texto dramático – atribuido a criação coletiva sob a supervisão de Letícia Guimarães -, os jogos cênicos, na caracterização de cada uma das suas personagens mães, na resiginificação dos objetos, e no construir e desconstruir das cenas, diante de nossos olhos, e na preciosa música selecionada pela própria Cia. Tudo isso aliado ao bonito figurino e ao lindo e delicado cenário – de Simone Pontes -, feito de piso, cubos, malas e cadeiras inspirados na cultura ucraniana, das famosas “pêssankas”, ovos pintados de forma colorida com uma linguagem própria de símbolos e sinais de prosperidade, saúde, paz, entre tantos outros e que hoje são o símbolo icônico do Estado do Paraná. Todos os espetáculos da Cia carregam sempre um número grande de possibilidades, assuntos interligados, e pequenas sensibilidades que abrem a obra para uma dimensão maior, e aguçando os campos de percepção das inteligências cênicas, e humanas; assim como cada um dos pequenos compartimentos dos expressivos cubos que compõem o universo da cena, e da alma humana. Foi com grande felicidade que assisti a apresentação, principalmente por ter sido um dos maiores momentos da Cia, pela presença magnética, carismática e de grande talento da atriz Ana Sercunvius. Uma das melhores aquisições da Cia do Abração, em todos os tempos.''

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